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A Restauração após o fogo

Na presente edição, apresentamos o trabalho de André Giles, que realizou sua pesquisa de doutorado no contexto da restauração por meio da técnica de semeadura diretno Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. O foco principal de sua pesquisa foi entender as características das espécies envolvidas no processo de restauração, bem como os impactos do fogo nessa vegetação em recuperação.


Para alcançar seus objetivos, André contou com a colaboração de colegas pesquisadores na instalação de parcelas experimentais e na coleta de dados, incluindo informações sobre as características das folhas, a biomassa acima e abaixo do solo das principais espécies de gramíneas, herbáceas e arbustos que foram semeados. Além disso, ele teve a oportunidade de estudar os efeitos de um incêndio que ocorreu na região em 2019 (ver Foto 1A) sobre a vegetação em processo de restauração.


Os resultados dessa pesquisa revelaram que a maioria das espécies semeadas apresenta um crescimento rápido, com um maior desenvolvimento da parte aérea (folhas e caules) em comparação com o sistema radicular. Isso resulta em uma vegetação que possui uma biomassa significativamente maior acima do solo do que abaixo do solo, chegando a ser duas vezes maior do que a biomassa de um cerrado nativo (conforme mostrado na Foto 1B). Esse alto acúmulo de biomassa na parte aérea, especialmente durante o período seco, cria condições propícias para a ocorrência de incêndios, como os observados na área após um raio em 2020.



Após esses incêndios, a vegetação em restauração tende a ser invadida por espécies de capins exóticos invasores, com aumento de 72% de cobertura dessas espécies, além de sofrer uma perda de até 40% das espécies nativas. Isso ocorre porque o fogo libera nutrientes no solo, especialmente fósforo, criando um ambiente favorável para a proliferação das espécies invasoras em detrimento das espécies nativas, que especialmente nesse caso, possuí uma capacidade menor de rebrota devido ao menor investimento em suas raízes.


Esses resultados destacam a importância de considerar cuidadosamente a seleção das espécies na restauração e a proteção contra o fogo em áreas em processo de restauração que possuam alguma probabilidade de invasão por espécies exóticas. Essas práticas podem promover aumento da resiliência das áreas em restauração.


André Giles


Atualmente é pesquisador de pós-doutorado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Biólogo, com mestrado em botânica e doutorado em ecologia André é um apaixonado pelo Cerrado e gosta de se perder em trilhas no meio dessa paisagem infinita.

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