Na 10ª edição do Plantamos! inauguramos a sessão de Divulgação Científica e a pesquisa inaugural é da Ana Carolina Cardoso de Oliveira, que trabalha em sua pesquisa de doutorado (Laspef-UFSCar, PPGRF-Esalq/USP) com capins nativos do cerrado. Ela estuda como sementes e mudas de capins nativos podem ser usados de forma eficiente na restauração do Cerrado, e em um dos capítulos da tese estudou a qualidade das sementes de capins nativos coletados pela ACP em 2019.
Os capins que ela estudou são: adropogon nativo (Andropogon fastigiatus), capim-carrapato (Aristida flaccida), capim aristida (Aristida gibbosa), rabo-de-burro (Aristida riparia), pé-de-galinha (Axonopus aureus), flechinha (Echinolaena inflexa), jaraguá-nativo (Hyparrhenia bracteata), vcaasoura (Andropogon bicornis), brinco-de-princesa (Loudetiopsis chrysothrix), roxo (Schizachyrium sanguineum), e fiapo (Trachypogon spicatus). Por meio de análises de raio-x ela verificou a quantidade de sementes cheias, vazias, quebradas, malformadas e cheias em amostras de cada espécie. Sementes cheias são sementes perfeitamente formadas, com embrião e endosperma ocupando toda a cavidade interna da semente (Foto xA); as quebradas apresentam alguma ruptura em sua estrutura (foto xB); malformadas são aquelas que apresentam alguma anormalidade na sua forma (por exemplo, quando são menores que uma cheia – foto xD); e as vazias são as que possuem apenas o envoltório da semente, não havendo presença do embrião e endosperma (foto xC) e consequentemente não tendo a capacidade de se tornar uma nova planta.
Figura 1. Exemplo de semente cheia (A), quebrada (B), vazia (C) e malformada (D) do capim brinco-de-princesa (Loudetiopsis chrysothrix).
Os resultados da pesquisa mostraram que capins nativos possuem um alto número de sementes vazias com 50% de sementes vazias nos capins fiapo, brinco-de-princesa, vassoura, roxo, flechinha, pé-de-galinha e jaraguá nativo, o que compromete o resultado final da semeadura. Além disso, sementes quebradas foram encontradas nos lotes de capim rabo-de-burro, capim carrapato e brinco-de-princesa, das quais nenhuma germinou. Esforços para entender como coletar menos sementes vazias ou como beneficiá-las de forma a diminuir o número de sementes vazias e não gerar danos às sementes são necessários, e a Ana Carolina acredita que a solução virá dos coletores de sementes, que lidam com a coleta e beneficiamento diariamente e possuem conhecimentos específicos do que pode funcionar para cada espécie de capim nativo.
Ana Carolina Cardoso de Oliveira
Doutoranda (Laspef-UFSCar, PPGRF-Esalq/USP)
Ana Carolina atualmente está terminando seu doutorado em Recursos Florestais (Esalq-USP) no Laboratório de Silvicultura e Pesquisas Florestais (UFSCar, Araras-SP), é mestre em Agricultura e Ambiente e Engenheira Agrônoma (UFSCar, Araras-SP), e também é voluntária da Associação Cerrado de Pé.
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